Foram cerca de R$ 5,3 milhões de prejuízo financeiro nos últimos dois anos, sem contar os danos para a população. O furto de cabos de energia no Distrito Federal mais que dobrou entre 2020 e 2021 (veja no quadro abaixo) e nem mesmo a Ponte JK – um dos mais belos cartões-postais de Brasília – escapou da ação dos criminosos.
No mês passado, a ponte teve os cabos cortados e metade de sua extensão ficou no escuro. O estrago foi consertado pela CEB Ipes, empresa responsável pela iluminação pública na capital, que levou um mês para recuperar todo o equipamento. Somente no ano passado, foram registrados 621 crimes dessa natureza em diversas regiões administrativas (leia quadro). Os dados são da CEB e da Neoenergia – concessionária que faz o abastecimento de energia elétrica nas residências e nos comércios do DF.
Feitos de cobre, os cabos são roubados para que o metal possa ser vendido a receptadores. Bairros como a Asa Norte, onde a grande maioria das redes de energia são subterrâneas, estão entre os alvos preferidos dos ladrões.
Águas Claras também sofreu um ataque recente dos vândalos. O cabeamento externo de um poste de concreto foi mexido. Embora o furto não tenha sido consumado, a ação gerou um curto-circuito. Resultado: uma dúzia de quadras sem energia durante parte da manhã.
Serviços públicos interrompidos
Casas e estabelecimentos no escuro. Produção do comércio interrompida. Não são poucas as adversidades. “Mais do que um crime patrimonial, é um crime que atenta contra dois serviços públicos: o fornecimento de energia e de iluminação para a população”, ressalta o presidente da CEB Ipes, Edison Garcia. “Esse episódio na Ponte JK e outro recente na Estrutural, que deixou a via sem iluminação, trazem risco para os motoristas e podem gerar graves acidentes”.
“É uma prática que traz uma série de transtornos para a sociedade, deixando regiões inteiras sem energia elétrica, além do alto custo para os reparos da rede”, reforça o diretor-superintendente técnico da Neoenergia, Antônio Carlos Queiroz.
Segundo ele, a concessionária está tomando medidas para inibir o crime. “Começamos a instalação de sensores e alarmes nas caixas subterrâneas. Para o ano vigente, está prevista a colocação de 2 mil equipamentos como esses em todo o DF”, diz.
Já a CEB destacou equipes noturnas para monitorar diversos pontos considerados visados na cidade. “São servidores que diariamente rodam pelas três pontes, monumentos, Parque da Cidade, etc para verificar a iluminação. Em caso negativo, um dos problemas podem ser os cabos”, aponta Garcia.
Denúncia e observação dos pontos de energia
A Polícia Militar (PMDF) informa que 290 pessoas foram presas por essa modalidade de furto no ano passado. E, de acordo com as ocorrências, ferros-velhos e estabelecimentos de compra e venda de metais estão entre os receptadores do cobre. Os bandidos, informa a corporação, são reincidentes e “alguns chegam a ter quatro passagens pelo mesmo crime”.
Segundo o órgão, a colaboração dos moradores é fundamental ao denunciar essas ações. “Se a pessoa vir alguém sem o uniforme das empresas ou sem credencial rondando um ponto de energia, é preciso acionar imediatamente a polícia”, recomenda o capitão da PMDF Raphael Broocke, ex-comandante do Batalhão de Polícia do Sudoeste. “Além disso, os síndicos que observarem, em suas quadras, supostos serviços nas redes subterrâneas ou reparos que não foram solicitados têm de denunciar”.
O canal para denúncias é o 190 ou uma ligação para o batalhão de polícia da região. A polícia reitera que, nesses casos, é mantido o sigilo da identidade da pessoa. “Normalmente, também são usados veículos para o transporte do material. É essencial informar os detalhes, características dos criminosos, qual o automóvel, entre outros”, lembra o policial. Caso a população saiba quem compra os cabos de cobre, também deve informar a corporação.
Rafael Secunho, da Agência Brasíli