Entrevistamos quatro colaboradoras das Unidades de Pronto Atendimento do DF para entender o que é ser mãe
Bruno Laganá
O Dia das Mães é a celebração da vida e do amor incondicional e, em sua chegada, emerge uma reflexão crucial: a valorização das colaboradoras que estão na linha de frente do atendimento à saúde da população do Distrito Federal e que já passaram pela experiência inesquecível que é a maternidade.
Com o objetivo de valorizar essa dedicação e o trabalho fundamental que a cada dia todas exercem, o Instituto de Gestão Estratégica em Saúde do Distrito Federal (IgesDF) reuniu algumas mães trabalhadoras das Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) do DF para um bate papo sobre maternidade, cuidado, carinho e atenção tanto aos seus filhos quanto aos pacientes atendidos.
Atendimento humanizado é fundamental
Eliane Alves Caldeira acompanhava a própria mãe em consultas no Hospital de Base. Ao ter contato com as atendentes do Projeto Humanizar, realizado nas unidades de saúde geridas pelo IgesDF, se apaixonou pelo projeto e se dedicou a passar no processo seletivo do Instituto. “Eu ficava observando esses profissionais e quis trabalhar na área”, explica.
De acordo com Eliane, “humanizar é você ter empatia pelo paciente, ouvir a história dele quando chega em sofrimento, com alguma queixa de dor, cansado e precisando de atenção, e procuramos de alguma forma diminuir esses sentimentos com atenção e carinho, antes do atendimento médico”.
Para Eliane, ser mãe de três meninas, hoje já adultas, ajudou muito no processo de trabalhar na área da saúde. “É como se eu estendesse o carinho que eu tenho com as minhas filhas, para os pacientes que eu recebo aqui na UPA Gama. Eu gosto de ser acolhedora, gosto de cuidar, gosto de proteger, se eu vejo um paciente com dificuldade eu vou lá e ajudo, é como se fosse uma coisa de mãe mesmo, aquele cuidado que você tem com o filho? É a mesma coisa”, explica Eliane, emocionada.
Experiência e carinho que ajudam
Quedina Jesus de Souza é técnica de enfermagem da UPA de São Sebastião e trabalha na área da saúde há mais de 20 anos. “Eu sempre quis, desde menina, trabalhar como técnica de enfermagem. Foi a melhor escolha da minha vida. Quem me conhece sabe que eu amo ajudar os pacientes”, declara.
Fascinada pelo seu ofício, Quedina além de mãe de dois filhos, já tem até uma netinha, que é a princesa da casa. De acordo com ela, “ser mãe é sinônimo de proteção, de cuidado e de carinho. Os meus filhos passam um amor muito grande que eu não sei como explicar. O meu trabalho é para eles, minha vida é para eles”.
Quedina diz ainda que o mais difícil é quando encontra um paciente que insiste em não querer cumprir o que ela pede. “Tem alguns pacientes que são mais teimosos do que os filhos da gente. Mas essa dificuldade a gente transforma em amor. O amor que eu tenho pelos meus filhos eu também trato os meus pacientes como se fossem da minha família. Eu quero que eles voltem para casa recuperados e bem de saúde”, afirma.
Já a técnica de enfermagem da UPA de Vicente Pires, Ludimila Miranda Machado afirma que “ser mãe é amar alguém mais do que a si mesma”. E expressa o seu carinho pela sua pequena Samira, de quatro anos: “ela é a minha vida. Tudo o que ela faz para mim é novidade. Eu acho tudo engraçado, tudo é curioso. O que é novidade pra ela, acaba sendo pra mim também”.
Ludimila lembra que para trabalhar em uma Unidade de Pronto Atendimento é importante que o profissional aprenda a se doar para o paciente. “Temos de nos doar, mesmo sem a necessidade de ser um familiar ou de se ter um contato mais pessoal. A gente faz o melhor por ele. É assim também com nossos filhos”, filosofa.
Assistência e Maternidade por vocação
A jovem médica Paula Roberta de Moraes já é formada há 4 anos, o mesmo número de filhos que já tem. “Eu tive o meu primeiro filho no final da faculdade. Comecei a enxergar a profissão de uma maneira totalmente diferente depois que virei mãe. A gente começa a ver no paciente um filho muito querido de alguém e aí se dedica a fazer sempre o melhor para aquela pessoa. Saber que estamos cuidando do filho de alguém me realiza dentro da medicina”, lembra Paula.
Mãe do Pedro, Lucas e Elisa, a médica está perto de receber mais um presente como mãe, que é o nascimento do seu quarto filho. O bebê está previsto para o fim de maio e ela, no momento, está afastada do atendimento aos pacientes nas UPAs, trabalhando em funções administrativas.
Paula lembra que sempre gostou de cuidar dos outros e acho que isso está muito associado à questão de ser mãe. “A mulher tem esse desejo de cuidar, às vezes. De estar ali prestando ajuda a alguém. Foi o que sempre me fascinou como médica e como mãe. Eu sempre tive o desejo de ser mãe e os dois se complementam muito. Ser médica me faz ser uma mãe melhor”, conclui.