A frieza dos relatos impressionam cada vez que lemos os depoimentos da acusada de abandono de incapaz
Na tarde da última quarta-feira, 14/12/2022, a PCDF, através da 38ª DP, identificou a mulher que deu a luz a uma bebê em um banheiro público situado em Vicente Pires na última segunda feira.
Após análise das imagens obtidas no local dos fatos, os policiais conseguiram identificar e localizar a autora, uma mulher de 23 anos de idade, moradora de Planaltina/DF.
Ela e o namorado foram conduzidos à 38ª DP na data de ontem e foram ouvidos em declarações.
O namorado da vítima negou ser o pai da criança e disse que não sabia da gravidez da autora, pois a mesma sempre foi gordinha. Disse que estava trabalhando, entregando mercadorias em veículo de aplicativo, em companhia da autora, quando esta começou a passar mal e lhe pediu para estacionar o carro no bloco comercial situado às margens da EPTG. Ele disse ainda que a autora foi até o banheiro e, após alguns minutos retornou ao veículo normalmente, tendo eles ido embora em seguida.
Ouvida, a autora disse que possui relacionamento amoroso com seu namorado há mais de 4 anos, porém o casal se separou por cerca de 9 meses. Durante a separação, ela manteve relações sexuais com outro homem em abril do corrente ano, tendo o casal retomado o namoro no mês de setembro. A autora disse que, no dia dos fatos passou a ter fortes cólicas e, acreditando que estivesse com dor de barriga, pediu para seu namorado parar em um bloco comercial para utilizar o banheiro público. No banheiro, ela conseguiu evacuar um pouco, quando então sentiu uma forte dor na barriga e sentiu algo saindo, tendo ouvido o barulho de algo cair na água e, ao olhar viu que era um bebê.
A mulher disse que ficou desesperada, pois não sabia que estava grávida, tendo ficado sem saber como contar para sua família e para seu namorado, pois o filho não era dele, tendo passado a chorar em desespero. Disse que, sem saber o que fazer, enrolou o bebê em um saco plástico que achou na lixeira, o amarrou e o colocou de volta na lixeira. A mulher disse que se limpou e retornou ao carro, não tendo seu namorado percebido nada de diferente. Por fim, a autora disse estar muito arrependida, que chora a todo instante e que não está conseguindo dormir em razão da conduta praticada.
Após sua oitiva, a mulher foi encaminhada ao IML, para que fosse submetida aos exames de constatação de parto recente e de estado puerperal, tendo também sido conduzida ao Instituto de Pesquisa de DNA Forense da PCDF (IPDNA) para colheita de material genético para posterior confronto com o material genético colhido da recém nascida.
Por não se encontrar em estado flagrancial, a autora permanecerá em liberdade durante a investigação e, caso comprovado que a sua conduta foi praticada sob influência do estado puerperal, ela será indiciada pelo crime de tentativa de infanticídio, com penas previstas de 2 a 6 anos de reclusão. Caso tenha praticado o crime sem a influencia do estado puerperal, a autora pode responder pelo crime de tentativa de homicídio qualificado, com penas previstas de 12 a 30 anos de prisão. Ambos os crimes são de competência do Tribunal do Júri.
*curiosidade – Aufgeben significa abandonar em alemão.
*Com informações da 38º DP