Série de apresentações começa no dia 6 de julho (sábado) e vai percorrer o DF com artistas brasileiras e angolanos, com forte participação indígena e negra
Gramados, rodoviária, metrô, Torre de TV, Taguacenter, Casa Akotirene, Mercado Sul. De 6 a 13 de julho, o Distrito Federal vai entrar no mapa da dança com a sétima edição do Marco Zero – Festival Internacional de Danças em Paisagem Urbana. Serão 16 intervenções artísticas e duas oficinas realizadas em diferentes espaços de Taguatinga, Ceilândia, Núcleo Bandeirante e Plano Piloto.
Todas as apresentações são gratuitas e convidam o público a experimentar as diversas possibilidades do corpo que baila pela cidade, ocupações culturais e centros comerciais.
A abertura do festival acontece no dia 6, sábado, às 17h, no gramado da 216 norte, ao som dos maracás, dos passos de toré, das rezas e das ressonâncias sonoras entre a natureza e a cidade. A artista indígena Idiane Crudzá, do Povo Kariri – Xocó de Alagoas, apresenta “Toda Cidade Já Foi Floresta”. Em seguida, “Cantos Escuros” traz a arte de Panamby, de São Paulo, que envolve a plateia com poesia, práticas corporais e sonoras.
“A rua representa a fusão do mundo ordinário, cotidiano, corriqueiro e das manifestações extraordinárias, imponderáveis. Escolher agir nesse espaço de resistência – eminentemente feito de memórias, de fluxos e presenças distintas -, é o fio condutor do Festival Marco Zero desde sua criação há quase 20 anos”, explica Marcelle Lago, dançarina, idealizadora e coordenadora do Festival Marco Zero, que teve sua primeira edição em 2006.
Com recursos do Programa Funarte de Apoio a Ações Continuadas 2023, a edição deste ano do festival traz para Brasília talentos como a atriz e performer mineira Idylla Silmarovi e a artista matogrossense Kiga Bóe, indígena do povo Bóe Bororo, da aldeia Meruri. Também faz parte da programação a Companhia Dual, de São Paulo, que apresenta na Torre de TV o espetáculo “Duo para 2 Perdidos”, uma releitura do texto teatral “Dois Perdidos Numa Noite Suja”, de Plínio Marcos.
De Pernambuco, o Marco Zero recebe a artista Rebeca Gondim, que apresenta “Revinda” no dia 12 de julho, no Mimo Bar (SQN 205). A dança de Rebeca expressa as histórias do povo preto periférico, com movimentos que lembram as brincadeiras das culturas populares, o improviso dos Mestres de cerimônia e as esquivas do Frevo. Também de Pernambuco, Gabi Holanda e Plataforma Beira encenam “À Beira”, que leva para a dança as angústias e esperanças de quem vive às margens dos rios e mangues sufocados pelo avanço da especulação imobiliária.
O projeto Seio Sonoro, de Brasília, é outra atração do Festival Marco Zero e tem apresentação marcada para o Metrô Galeria. Concebido por um coletivo de mulheres da dança e da música, ele realiza “Ser Uma”, um duo com música autoral de mulheres da cidade.
A apresentação internacional fica por conta do grupo Idaebteam, de Angola, que apresenta “Tatu Panji Angola”. A intervenção conta a história e os caminhos de três irmãos dançarinos com características muito próprias dentro da arte. Por meio da dança, Vandro Poster, Geo e Didi BB conduzem o público a um misto de emoções e trazem consigo um belo registro da cultura angolana.
A programação do Festival Marco Zero ainda traz para a cena o coletivo Debonde (RJ), a Cia. Corpus Entre Mundos (DF), o artista Kaled Hassan (DF), o dançarino Guel Soares (DF), a atriz e performer Maria Eugênia Félix (DF) e o dançarino Iago Gabriel (DF).
O coletivo artístico Casa de Onijá (DF) encerra o festival no dia 13 de julho (sábado) com “BaileClava 5.0”, uma apresentação de Ballroom na ocupação cultural Mercado Sul, em Taguatinga. Será uma grande festa de um projeto que realiza formações a partir da cultura voguing com temas sobre diversidade sexual e de gênero, direito à cidade e vidas positHIVas.
Curadoria
Além de Marcelle Lago, a curadoria do Marco Zero – Festival Internacional de Danças em Paisagem Urbana envolveu outras três mulheres com trajetórias que refletem a força da programação: Flavia Meireles, artista e pesquisadora/professora cuír lésbica futurista (CEFET-RJ), doutora em Comunicação e Cultura (UFRJ), mestra em Artes Visuais (UFRJ) e licenciada em Dança (Faculdade Angel Vianna); Ivana Motta, artista das danças, professora de Licenciatura em Dança (UFPE) e doutoranda pelo PPGCEN-UnB onde investiga pedagogias das danças e epistemologias africanas/afro-brasileiras em perspectiva antirracista e contra colonial e Bárbara Matias, indígena da etnia Kariri (CE), doutora em Artes da cena (UFMG) e integrante da Coletiva Flecha Lançada Arte.
Serviço – Marco Zero – Festival Internacional de Danças em Paisagem Urbana
De 6 a 13 de julho
Locais: Taguatinga, Ceilândia, Núcleo Bandeirante e Plano Piloto
Entrada Gratuita
Projeto realizado com recursos do Programa Funarte de Apoio a Ações Continuadas 2023.
Site: https://www.marcozerobrasilia.com/
Instagram: https://www.instagram.com/marcozerobrasilia