Por Felipe Bayma
O Dia da Consciência Negra, celebrado em 20 de novembro, é um momento de reflexão, memória e reconhecimento das contribuições fundamentais da população negra para a formação cultural, social e econômica do Brasil. Essa data, marcada pela morte de Zumbi dos Palmares, líder do maior quilombo da história brasileira, o Quilombo dos Palmares, representa a luta pela liberdade, pela dignidade e pela igualdade de direitos.
Por que o Dia da Consciência Negra é importante?
O Brasil tem uma dívida histórica com a população negra, que sofreu mais de 300 anos de escravidão e enfrenta, até hoje, desigualdades estruturais. A data permite reconhecer essa trajetória de luta e resistência, dando visibilidade às histórias que frequentemente são ignoradas pela narrativa oficial.
Apesar de avanços legislativos e sociais, o racismo ainda persiste em diversas formas: desigualdade de acesso à educação, ao mercado de trabalho, representatividade política e direitos básicos. O dia é um convite para que a sociedade reconheça esses desafios e se comprometa a combatê-los.
A população negra tem uma rica herança cultural que permeia a música, a gastronomia, a literatura, o idioma e tantos outros aspectos da cultura brasileira. O Dia da Consciência Negra celebra essa identidade e reforça o orgulho de suas raízes.
O dia serve para reafirmar os valores de justiça e igualdade, promovendo o diálogo sobre ações concretas que reduzam desigualdades e garantam oportunidades equitativas para todos.
A importância de Zumbi dos Palmares
Zumbi é símbolo de resistência e liberdade. Sua liderança no Quilombo dos Palmares não representou apenas a fuga da opressão, mas a construção de uma sociedade alternativa, baseada na autonomia e na igualdade.
Relembrar Zumbi é reafirmar que a luta pela liberdade continua viva e que a herança de resistência é um pilar na história brasileira.
Como podemos transformar essa importante data em ações efetivas?
A data deve reforçar a necessidade de políticas que promovam inclusão social, igualdade racial e reparações históricas.
O que são reparações históricas?
São ações ou políticas que visam corrigir os impactos de injustiças históricas, proporcionando oportunidades iguais às populações que foram sistematicamente excluídas ou prejudicadas. No contexto brasileiro, isso significa: (a) reconhecimento do papel da escravidão na construção do país e de seu impacto duradouro na desigualdade racial; (b) implementação de ações afirmativas que busquem corrigir esses desequilíbrios.
O racismo estrutural é a base de muitas desigualdades enfrentadas pela população negra. Promover igualdade racial significa não apenas eliminar discriminações diretas, mas também desmontar estruturas institucionais que perpetuam essas desigualdades.
Dar voz e espaço para lideranças negras em todos os setores, reconhecendo seu potencial e fortalecendo sua atuação. Garantir presença negra em espaços de poder, como cargos políticos, judiciais e empresariais.
Reforçar a necessidade de políticas que promovam inclusão social, igualdade racial e reparações históricas é fundamental para que o Brasil se torne uma sociedade verdadeiramente democrática.
O Dia da Consciência Negra é mais do que uma data no calendário; é um momento de reflexão e compromisso com a construção de uma sociedade mais justa e igualitária. É um convite para honrar o passado, entender o presente e construir um futuro onde a diversidade seja celebrada e o racismo, eliminado.
Pela primeira vez, o dia 20 de novembro é feriado em todo o país. Que o legado de Zumbi inspire a todos nós a agir com coragem, empatia e respeito.
Felipe Bayma é advogado, mentor, professor acadêmico, palestrante e escritor
@bayma_advocacia