*Gicileide Oliveira
Desde 2014, a Associação Brasileira de Psiquiatria – ABP, em parceria com o Conselho Federal de Medicina – CFM, organiza nacionalmente o Setembro Amarelo. O dia 10 deste mês é, oficialmente, o Dia Mundial de Prevenção ao Suicídio, mas a campanha acontece durante todo o ano. Essa campanha tem como objetivo prevenir e reduzir o número de mortes no país. A campanha Setembro Amarelo tomou uma proporção muito grande no Brasil inteiro, tendo hoje espaço na mídia e atividades voltadas para a conscientização sobre o tema.
Segundo dados da Organização Mundial de Saúde (OMS), estima-se que em 2020, aproximadamente 1,53 milhão de pessoas no mundo morrerão por suicídio. A faixa etária mais afetada pelo problema é a mais jovem, entre 15 a 29 anos, considerada a terceira causa de morte. Entre as crianças e adolescentes de 10 a 14 anos, o suicídio é a sétima causa de morte.
O Brasil registrou 11.433 mortes por suicídio em 2016 – em média, um caso a cada 46 minutos. O número representa um crescimento de 2,3% em relação ao ano anterior, quando 11.178 pessoas tiraram a própria vida
O Brasil está entre os dez países que registraram elevados números de suicídios, este número poderia ser maior se as tentativas de cometê-los se concretizassem, elevando entre 10 a 20 vezes o índice.
Segundo o Manual de Prevenção do suicídio, o suicídio hoje é compreendido como um transtorno multidimensional, que resulta de uma interação complexa entre fatores ambientais, sociais, fisiológicos, genéticos e biológicos. Estudos mostram que entre 40 e 60% das pessoas que cometeram suicídio consultaram um médico no mês anterior ao suicídio, destes a maioria foi um clínico geral e não um psiquiatra.
O impacto psicológico e social do suicídio em uma família e na sociedade é imensurável. Em média, um único suicídio afeta pelo menos outras seis pessoas. Se um suicídio ocorre em uma escola ou em algum local de trabalho, tem impacto em centenas de pessoas.
Fatores de riscos
- Tentativa anterior de suicídio;
- Exposição ao suicídio de outras pessoas;
- Manifestação de sofrimento psíquicos;
- depressão; transtorno bipolar, esquizofrenia, entre outros;
- Uso abusivo de substâncias psicoativas;
- Histórico de violência: traumas, abuso físico, abuso sexual, negligência e abandono;
- Dificuldade em lidar com perdas: mortes, desilusão amorosa, separação conjugal, perda de emprego, prejuízos financeiros;
- Acessos ao meios letais;
- Fatores de personalidade: baixa tolerância à frustração, impulsividade, rigidez, comportamentos agressivos;
- Doenças crônicas e terminais.
Sinais de alerta
As pessoas com ideação suicida frequentemente dão sinais de suas intenções, que não devem ser ignorados; devem ser vistos como um pedido de socorro.
- ‘Eu preferia estar morta”
- ‘Eu sou uma perdedora e um peso para os outros”
- “Vou desaparecer para sempre”,
- “Só queria dormir e não acordar mais”,
- “Vou parar de incomodar vocês”
Fatores de Proteção
- Inserção social;
- Acesso aos serviços e cuidados em saúde mental.
- Resiliência e capacidade de resolver problemas.
- Suporte social (família, amigos e outros relacionamentos significativos);
- Crenças religiosas, culturais e étnicas;
- Envolvimento na comunidade;
Como ajudar….
- Não tenha medo de tocar no assunto;
- Evite frases clichês e comentários desdenhosos;
- Seja um bom ouvinte;
- Apoio médico
Gicileide Oliveira – Psicóloga Clínica