“Tá lá um corpo estendido no chão”, essa música tem tocado constantemente nas vias do Distrito Federal, e na grande maioria é corpo de ciclista, só em 2020 já foram 12 atropelamentos seguidos de morte. Veículos e bicicletas não conseguem transitar em paz nas ruas e avenidas tão largas da nossa capital. Pensando em uma estratégia para amenizar as frequentes mortes e acidentes no trânsito envolvendo carros e bikes, a ONG Rodas da Paz, criada em 2003, elaborou Manifesto Pela Vida no Trânsito e um movimento no início de novembro para dar um alerta e pedido de socorro às autoridades. Nem em tempos de pandemia da covid-19, a humanização tão necessária no trânsito aconteceu.
Segundo dados do Detran-DF, 138 vidas já foram ceifadas violentamente no trânsito da capital, incluindo ciclistas, pedestres, motociclistas, passageiros e os próprios motoristas de automóveis. Comportamentos irresponsáveis como o consumo de bebida alcoólica e o uso do celular ao dirigir ajudam a fazer essa tragédia crescer.
No Manifesto, assinado por 19 grupos de bikes e ONGs, foram ressaltados pontos importantes na atual relação ciclistas e motoristas que precisam, urgente, da intervenção do GDF. Veja as principais:
1) A redução da velocidade máxima regulamentada das vias: isso diminui a taxa de fatalidade das colisões; impacta muito poucono tempo médio de viagem dos veículos motorizados; tem baixos custos para implementação e ainda ajuda a economizar gasolina; em perímetros urbanos e residenciais, a velocidade não poderia ser superior a 50 km/h.
2) “Acalmamento” de tráfego: estreitamentos de vias que tenham maior fluxo de pedestres e ciclistas; instalação de sonorizadores, lombadas e faixas elevadas de travessia para pedestres e ciclistas. São alternativas para que os motoristas conduzam com mais atenção, e assim tenham um tempo maior de reação, o que evitaria muitos acidentes.
3) Implementação de zonas 30 em locais com grande fluxo de pedestres, como escolas, faculdades, universidades e áreas residenciais, como condomínios e quadras. Velocidade máxima de 30 km/h a fim de diminuir colisões e atropelamentos e aumentar a segurança de pedestres e ciclistas.
4) Instalação de sinalização vertical e horizontal: colocação de placas nas vias informando aos motoristas a presença de ciclistas; instalação de placas educativas, tanto para motoristas, como para pedestres e ciclistas; nas rotas de travessias de bicicleta, instalação de placas informando aos motoristas da prioridade de travessia para ciclistas e pedestres.
5) Ampliação e manutenção da infraestrutura cicloviária: melhorar a conexão de toda a malha cicloviária do DF, os mais de 553 km, e construir novos trechos onde existe demanda. Em vias de alta velocidade e fluxo, o compartilhamento da bicicleta com outros veículos não é indicado; nesses locais, providenciar espaço segregado para o trânsito seguro de bicicletas.
6) Manutenção dos acostamentos: o que permite a mobilidade de ciclistas, pedestres e o seu uso em caso de emergências. Os acostamentos não devem ser usados para a ampliação das faixas de rolagem. Sinalizadores, redutores de velocidade e lombadas são alternativas para ser colocadas nos acostamentos para evitar seu uso como mais uma faixa por motoristas “apressados”.
7) Colocação de paraciclos nos espaços públicos geradores de tráfego. Regularizar os paraciclos colocados pelos comerciantes em áreas públicas e orientá-los para que estejam em locais que não atrapalhem os pedestres e a acessibilidade. De preferência, liberar uma vaga de automóvel para os paraciclos.
8) Delimitação de rodovias urbanas em todos os trechos das rodovias que passam por áreas urbanas, com delimitação de velocidade máxima de 60 km/h, iluminação noturna, sinalizações adequadas e travessias seguras.
Mais informações no www.rodasdapaz.org