O mundo silencioso dos estudantes surdos encontra na escola a tradução das palavras em gestos: os professores intérpretes. Há, no DF, 20 professores de libras e 142 intérpretes educacionais. São eles que descortinam a linguagem e traçam a ponte da comunicação para 192 jovens surdos matriculados na rede pública.
Maria Clara assiste às aulas pelo celular. Com o suporte do material impresso, professor e estudante realizam todas as atividades propostas, esclarecem dúvidas e, por meio de conversas em libras, constroem uma base de estudo de grande valor para o presente e futuro da jovem.
Em casa, a comunicação é por meio da leitura labial, mas ela comemora a oportunidade de ter um professor intérprete na escola e, assim, conseguir acompanhar melhor cada matéria. “Com libra eu entendo melhor o conteúdo”, afirma a estudante que diz ser muito importante o apoio do professor intérprete Victor Hugo na experiência de aulas remota durante esse momento de distanciamento social necessário durante a pandemia do Covid-19.
O professor Victor Hugo elogia o desempenho e dedicação da estudante: “Independente das aulas remotas, a Maria Clara sempre foi dedicada e esforçada”. Ciente da importância do professor intérprete o cotidiano das famílias, ele afirma que o professor de libras é uma referência do dia a dia dos estudantes.
“Acredito que o professor de Libras é visto como um profissional que proporciona além de uma comunicação, um aprendizado. Ter um profissional que sabe a língua de sinais atuando junto com um aluno surdo pode deixar a família mais tranquila em relação ao futuro do aluno”, acrescenta.
Às vezes nem mesmo as famílias dos estudantes surdos têm um conhecimento aprofundado do estudo em libras. Assim, em alguns casos, quando o aluno é oralizado, a leitura labial acaba sendo uma alternativa para a comunicação em família. É o caso da Maria Clara Braga, 12, estudante do 7° ano do Centro de Ensino Fundamental 1 do Guará.
O professor Victor Hugo destaca o valor que a comunicação carrega. “Para a família servimos como referência de que o aluno surdo tem uma língua própria, que no caso das línguas de sinais são visuais, e que é uma língua como outra qualquer, tem gramática, regras, e precisa ser respeitada e estudada para que a comunicação com pessoas surdas seja sólida. Já para os alunos somos uma referência linguística de que ele terá um aprendizado e direitos às informações na sua língua”, argumenta.
Por Íris Cruz da Ascom, SEE DF
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