Revisitando o passado, assim me senti ao adentrar a antiga Casa da Cultura do Guará, hoje pela manhã, em busca de conhecer quem são as mulheres que estão a ocupar o espaço desde a última sexta-feira. Ali, em um local antes palco de tantas atividades e efervescência cultural, jaz os quase escombros do que foi um ponto de encontro dos guaraenses, ávidos por diversão e arte que o local propiciava. Vocês acreditam que até um cofre existe no local, dos áureos tempos de uma boate que fervia de gente.

As 15 mulheres que ocuparam o espaço, limpararam e higienizaram todos os cômodos, vieram com o objetivo de transformar o local e casa de acolhimento de mulheres que sofrem violência doméstica. Não para morar, mas para dar um suporte para que as mesmas possam caminhar rumo a um futuro de estabilidade financeira e emocional. Por outro lado, a Casa da Cultura do Guará, embora há vários anos desocupada, é um próprio da Administração do Guará que entregou, hoje à tarde, uma notificação para a desocupação imediata do local.

Esta é a primeira ocupação do Movimento Olga Benário no Centro-Oeste, que já possui outras 12 casas em diversas capitais brasileiras. Coube à nossa antiga Casa da Cultura ser a escolhida para esta ocupação, por ser um local estratégico, bem perto da estação Feira do Guará e de fácil locomoção. Hoje cedo já chegavam mais meninas com mochila para adentrar a casa. Lá ,elas vendem revistas do movimento para angariar fundos para o movimento. São ocupantes jovens e cheios de certeza e sonhos.

Nos planos pretendiam montar oficinas para a comunidade e muita informação às mulheres que por lá possam passar. Dentro das próximas horas iremos acompanhar como serão as negociações da retomada do espaço por parte do poder público e como serão as reações dos ocupantes.
É lastimável que o poder público tenha ABANDONADO por mais de 10 anos um espaço como esse. O tenha deixado sem cumprir função social, servindo de espaço para práticas indevidas.
Quando a sociedade civil organizada decide dar vida a um espaço, com uma proposta real são classificados como invasores e baderneiros.
Eu declaro meu total apoio ao Movimento Olga Benário