Quando o assunto é levar literatura de cordel às escolas de Ceilândia-DF, o balanço é positivo. Tão positivo que a cidade vive hoje uma espécie de florescimento dessa cultura popular. O professor Raimundo Sobrinho, coordenador do projeto “A arte do cordel”, tem contribuído para isso ao realizar e desenvolver oficinas em escolas públicas da cidade, em sua maioria do ensino fundamental.
De 2019 para cá, ele já ministrou 92 oficinas, atingindo quase 4 mil alunos. Com a assistência do Fundo de Apoio à Cultura do Distrito Federal (FAC-DF), da Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Governo de Brasília, Sobrinho afirma que o objetivo é estimular o gosto pela leitura e a criação literária. “A partir do contato com a experiência literária, os alunos passam a conhecer um pouco da realidade do nosso povo e suas peculiaridades”, afirma.
A professora Suzana Cristina Macedo de Melo Gomes, da Escola Classe 06, de Ceilândia, reafirma que esse projeto “é instrumento de grande relevância para as atividades em sala de aula, pois o mesmo incentiva o hábito da leitura e a valorização da cultura popular”. Segundo ela, “A arte do cordel” possui também um caráter social, uma vez que as oficinas abordam questões relacionadas às dificuldades enfrentadas pelo povo brasileiro, estimulando importantes reflexões.
“Quando o professor Raimundo Sobrinho declama seus versos, os estudantes admiram a musicalidade das rimas, o jogo de palavras… e, dessa forma, fazem perguntas, emitem opiniões e muitos se sentem motivados a produzir seu próprio cordel”, observa a professora.
O professor Eduardo Ferreira dos Santos, da Escola Classe 22 ressalta que projetos como esse “vêm destacar a importância de se trabalhar a leitura e a escrita dos alunos, de forma lúdica e criativa, reconhecendo que um texto literário é possível de ser lido, interpretado e declamado”. Ele lembra que essa experiência tem sido realizada com as turmas dos 5° anos da Escola Classe 22 de Ceilândia, totalizando 60 alunos do período matutino.
“ Nosso objetivo é apreciar e valorizar o texto de cordel como manifestação popular e, a partir daí, produzir textos com base em fábulas conhecidas, ilustrando-a com a xilogravura, incentivando a escrita, a produção e a declamação em grupos de cordéis”, salienta.
Para ele, desenvolver o projeto “representou um passo valioso para o reconhecimento e resgate da literatura, além de proporcionar à nova geração a oportunidade de apreciar a riqueza e expressividade da nossa cultura”. O professor Eduardo ressalta ainda que “a escola tem que, obrigatoriamente, prestigiar a cultura popular, demonstrar preocupação na manutenção do saber e assumir e incorporar à sua rotina o contato com as manifestações que o povo cultiva”.
*Reportagem de Maria Felix