A governadora em exercício, Celina Leão, externou sua preocupação com os filhos das mulheres assassinadas, sobretudo os menores, que muitas vezes vão parar em abrigos
Recebi no grupo de informações da Polícia Militar do Distrito Federal, que aconteceu mais um feminicídio desta vez na cidade do Gama nesta segunda-feira, 13/02. O assassino, João Alves Catarina Neto que matou sua ex-mulher, Simone Sampaio de Melo com uma faca, foi preso em flagrante. Ela deixa 3 filhotes: um rapaz e duas meninas. Mais órfãos do feminicídio que viverão com este trauma pelo resto da vida.
O autor é do Espírito Santo. Ele estava no Gama há 3 dias (chegou no sábado). Informou que veio para ver os filhos. Antes do homicídio ele havia levado a filha ao colégio junto a sua ex esposa, discutiram e posteriormente ele pegou a faca para matá-la. A mulher estava em Brasília há 2 meses. Ambos são de Piumá, Espírito Santo.
O crime aconteceu próximo ao Potiguar, restaurante famoso da cidade. Pelo jeito a matança não acaba. Sei não, será que é preciso parar de divulgar para não atiçar a vontade dos ex de matar? Já foram 6 mulheres em 2023. Praticamente uma por semana! Tá demais! É desesperador!!!!!!
Em 2022, o total de feminicídio foi de 19 mulheres. Em janeiro foram 3 e este ano disparou! Em São Paulo, o governador Tarcísio de Freitas sancionou a lei na semana passada, com 90 dias para ser regulamentada, que prevê o pagamento às mulheres vítimas de violência que possuem renda menor que dois salários mínimos. Uma boa política pública que poderia ser adotada no DF.
Combate

A governadora em exercício Celina Leão externou sua preocupação com os filhos das mulheres assassinadas, sobretudo os menores, que de uma hora para outra ficam sem pai e sem mãe e, muitas vezes, vão parar em abrigos. “A igualdade estabelecida pela Constituição não há na sociedade”, frisou. A governadora ressaltou, ainda, a importância do projeto Todas por Elas, lançado em 2022 pelo Governo Federal. A iniciativa é destinada a empresas e seus funcionários, e reúne vídeos e conteúdos interativos para capacitar e combater a violência contra a mulher no país.
Uma das iniciativas mais exitosas no combate ao feminicídio na cidade é o programa Maria da Penha vai à escola, criado pelo Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios (TJDFT), que consiste em educar para prevenir e coibir a violência contra as mulheres. A iniciativa consiste em levar a legislação às unidades de ensino para que o corpo docente e os alunos aprendam a importância do respeito entre gêneros. A secretária de Educação, Hélvia Paranaguá, garantiu que o programa não só terá continuidade como também será reforçado. A representante da Secretaria da Saúde na reunião, a psicóloga Fernanda Falcomer, garantiu que o programa vai ser instituído na rede pública de saúde.
Representante do TJDFT na reunião e coordenadora do Núcleo Judiciário da Mulher, a juíza Gislaine Campos destacou a importância de uma mudança na cultura de desrespeito à mulher. “A Justiça pode punir, mas a violência contra a mulher deve ser tratada desde a infância”, disse ela, ao explicar a importância do programa Maria da Penha vai à escola.
O MPDFT também faz parte do comitê. Na reunião desta quinta, a coordenadora do Núcleo de Direitos Humanos, a procuradora Polyana Moraes, afirmou: “Sou otimista. Acredito que juntos podemos desenvolver muitas ações”. A representante da Ordem dos Advogados do Brasil do DF (OAB-DF), Fernanda Tubino, disse que para mudar o quadro terá que se mudar uma cultura, mas que a união de órgãos e entidades surtirá efeitos positivos.
“A família se sente protegida pelo fato de a escola ser acolhedora. No último feminicídio que aconteceu na cidade, em Ceilândia, uma criança, filho de homem que assassinou a mulher, procurou ajuda na escola. Temos o cuidado de acolher a família, além de a escola ser o lugar onde a criança aprende a respeitar o próximo”, ressaltou a secretária Hélvia Paranaguá.
O secretário de Segurança Pública, Sandro Avelar, afirmou que a pasta está à disposição para atuar junto ao comitê. Avelar destacou o fato de que 70% das mulheres assassinadas não procuraram ajuda dos órgãos oficiais e ainda que, nesses casos, 63% dos familiares sabiam do que estava ocorrendo. “A grande maioria das mortes acontece dentro das residências, no ambiente familiar, por isso acredito que uma campanha publicitária seja elementar”, defendeu.