Disputa por espaço na pista de cooper do Guará II

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Região administrativa famosa pela preservação da qualidade de vida de seus moradores, o Guará sempre foi exemplo quando o assunto é a prática esportiva. Nos dias atuais nem tanto, com uma ciclovia incompleta no anel viário do Guará II, os praticantes da caminhada matinal e noturna se deparam com todo tipo de obstáculos entre o 4º Batalhão da Polícia Militar até a Estação Guará do Metrô-DF.  O conflito entre os que desejam fazer uma tranquila caminhada e os ciclistas que estão com pressa ou mesmo em treinamento já se instalou. Para andar sem sofrer nenhum tipo de acidente só mesmo com muita persistência.

Nos deparamos com dezenas de idosos, pessoas com deficiência locomotora, crianças, jovens, cachorros com seus tutores, pais ou mães com carrinhos de bebês, que não sabem se andam ou desviam das bicicletas que nem sempre são pilotadas por pessoas com paciência. Todos sempre com muita pressa. Alguns ainda buzinam, outros sobem praticamente encima dos idosos, estes que caminha mais devagar, os obrigando a ir para o gramado. Lá existe uma faixa menor, que teoricamente poderia ser utilizada pelos ciclistas, mas como não tem sinalização, praticamente ninguém a ocupa.

A mobilidade urbana com o uso de bicicletas sempre foi incentivada   em várias gestões. Em 2013, foi realizada a construção da ciclovia que teve início na QE 08, do Guará I, passou pelas QEs 10, 12, 14, 16, 18, 20 e 22 até o bicicletário da Estação do Guará e seguiu até o terminal rodoviário, próximo da QE 19/21, do Guará II. Ou seja, uma boa parte do circuito de caminhada está desguarnecida de ciclovia e de sinalização avisando que ela acabou.

Após seis anos nem sinal de que o problema tenha uma solução rápida. A comerciante aposentada, Fátima Leão pratica diariamente caminhada. Sai da quadra 34 onde mora e vai até a 24 e volta. Seu braço está roxo de um guidom de uma bicicleta, cujo ciclista, com pressa, quase a atropelou. “Assistimos diariamente a uma luta do mais forte sobre o mais fraco. Como os idosos podem competir com ciclistas mais jovens, mais ágeis, e sem um pingo de cidadania. Ao caminhar, não sabemos se olhamos para a frente ou se para trás. Por todos os lados somos ameaçados. Se teve verba para fazer até a 19/21, não foi planejada a segunda etapa?”, questiona Leão.

Por outro lado, os ciclistas, praticantes do esporte e que precisam treinar, se defendem. Queremos que tudo se resolva o mais rápido possível. Praticamos diariamente para campeonatos e torneio. Usamos os equipamentos necessários, mas o espaço que temos é realmente precário. E não somos só nós que atrapalhamos, existem os que utilizam a pista para ir ao trabalho de bike e para locomoção rápida dentro da cidade”, destacam.

 A Rodas da Paz, ONG criada há 16 anos no Distrito Federal, tem realizado gestões junto ao Governo do Distrito Federal para que as ações em prol da mobilidade com bicicletas aconteçam mais rápido. Segundo o coordenador Raphael Barros Dorneles, no cargo há três meses, o trabalho é todo feito através do voluntariado. A redução da velocidade em todas as vias do DF é uma das bandeiras da Roda da Paz.

“Existe um descompasso entre os ciclistas e os motoristas de carros. Todos estão no trânsito, mas o ciclista nem sempre é enxergado. Sempre é um fator surpresa a presença do ciclista na via. Porque o ciclista se arrisca nas vias, ao invés de ir pelas ciclovias? Justamente porque as ciclovias no DF não possuem conexão, elas não são contínuas e como na EPTG, são entrecortadas por passarelas e viadutos. O ciclista prefere continuar na via do que subir na passarela ou viaduto”, esclarece Dorneles.

Segundo a ONG, existe um projeto na secretaria de Mobilidade, na área de transporte ativo que vai contemplar as ciclovias que estão desconectadas em várias regiões administrativas ou interrompidas, como é o caso do Guará.

Em nota, a Semob informa que existem dois projetos de ciclovias no Guará, elaborados pela Seduh, e que, no momento, aguarda liberação de recursos para iniciar o segundo projeto que contempla a avenida central do Guará II. Esclarece ainda que o GDF possui mais de 100 km em projetos executivos, que preveem a readequação de ciclovias e a construção de novos trechos e já está buscando recursos para as obras. O Guará será uma das regiões contempladas com o projeto.

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