Um anjo do Senhor na terra, esta definição ainda é pequena pelo tamanho do legado que Vera Lúcia Bezerra, a Verinha da Rede Feminina de Câncer de Brasília, deixou para todos nós. Incansável, ela não só assistia às famílias dos portadores de Câncer do Hospital de Base, era coordenadora da ONG, como cuidava dos moradores da QE 38 do Guará II, àqueles que não tinham casa, ficavam em favelas e ao redor de toda quadra. Ela se foi sem realizar seu grande sonho: montar uma casa de assistência às famílias das portadores de câncer de mama no Guará.
Neste momento, seu corpo ainda está sendo velado em casa, na QE 38, faz parte de uma família pioneira no Guará, com vários irmãos, entre eles José Neto, das cooperativas. Amigos, parentes e moradores da quadra querem se despedir de quem tanto cuidou deles nesta terra. É inimaginável, que esta doença tão cruel, levou nossa Verinha. Porque ela era de todos nós. Sempre preocupada com o social. Distribuía cestas básicas tanto no Hospital de Base quanto aqui no Guará. Consultas, exames, uma palavra amiga. lá estava ela. Como entrar na Casinha Rosa do Base, sem encontrar a Vera Lúcia? difícil.
Mesmo tendo sido acometida pelo câncer, dedicou sua vida a cuidar das famílias. Sua fé e religiosidade eram inabaláveis. Sua vontade de ver um Guará cada dia melhor, também.
Reportagem em andamento. Assim que souber o velório e enterro, informo a todos!
Seu legado no Hospital de Base:
Mais de 300 pessoas trabalham como voluntárias, revezando-se de domingo a domingo. Todas são comandadas pela coordenadora Vera Lúcia Bezerra da Silva, ou apenas Verinha, e atuam em diversos setores do hospital: ambulatório, sala de quimioterapia, radioterapia, pronto-socorro e Unidade de Terapia Intensiva (UTI). Além disso, 26 projetos dão apoio tanto a pacientes quanto a acompanhantes e cada um nasceu a partir de uma história.
Uma das que mais emociona Verinha é o Beija-Flor, voltado para quem está em estágio terminal. Todo mês, um paciente é sorteado para ter um sonho realizado. ;Em 2012, uma menina de 16 anos chegou à nossa sala e disse que tinha o sonho de ir ao shopping e comer um sanduíche;, conta Verinha. ;Aquilo me emocionou e nós corremos atrás de realizar. Precisei movimentar médicos, enfermeiros e ambulância. Aqueles foram os momentos mais felizes dela antes de partir;
O lanche dos acompanhantes também foi ideia de Vera. Ela conta que, certo dia, andando pelos corredores do hospital, foi abordada por uma mulher lhe pedindo café. A senhora, que tinha saído do interior de Minas Gerais para acompanhar o filho, internado, sentia falta da bebida quente. Aquilo trouxe a inspiração para a distribuição diária de 100 pães e 200 copinhos de café aos acompanhantes. Somando aos lanches dos pacientes, são 300 todos os dias.
Cesta básica
As pessoas ajudadas pelo grupo enfrentam, além da doença, situações de vulnerabilidade, como dificuldades financeiras. Para que possam focar no tratamento, alguns aspectos sociais recebem assistência da rede. A distribuição de cestas básicas é um deles (cerca de 200 por mês). A ação começou em 2001, depois de Vera perceber que uma paciente sempre guardava metade do almoço. Quando quis saber o motivo, ouviu a mulher dizer que levava a comida para os filhos, que não tinham o que comer em casa. ;Nosso público é carente. São mulheres abandonadas, que são pai e mãe. Elas estão preocupadas com o câncer, com o aluguel e outras coisas;, observou Vera.
Doações
Quem quiser ajudar pode doar roupas, sapatos e brinquedos. Tudo é vendido por um preço simbólico e qualquer doação é bem-vinda. No site www.redefemininabrasilia.org.br há informações para transferências bancárias. Também por lá, quem quiser se voluntariar pode fazer um cadastro. O único requisito é tempo livre e vontade de ajudar.
*Com informações complementadas com texto e foto do Correio Braziliense